O lugar dos livros impossíveis!

Será porque passa mais um ano sobre a aventura de Sebastião, o nosso rei menino, que me lembrei do poeta que sobre tudo isso cantou?

Ou será porque me lembrei do poeta, que me veio à memória aquele palavrão que durante tempos e tempos decorei sem saber o que dizia, se existia, onde ficava?

Seria alucinação do escriba ou fruto da fértil imaginação do seu génio? Sabe-se como são os poetas. Por vezes escrevem simples, mas sempre o que lhes vai na alma.

Depois há sempre uns senhores, mais ou menos ilustrados, mais ou menos eruditos, com teses, teorias e coisas assim, com palavreado complexo, hermético e tão elitista quanto possível, que complicam, complicam, tentando tornar complexo o que o poeta quis que fosse simples e depurado.

E assim vão vivendo, dourando galões, que as coisas simples complicam-lhes a vida…

Ah! esquecia-me do Sebastião, do Camões e do palavrão da primeira estrofe: a ‘Taprobana’. Enchi-me de brios e lá a descobri por aí algures.*

Cá está ela, a Taprobana ou antes, a ilha de Ceilão, um lugar mítico, paradisíaco, do outro mundo. Dela se falou na Antiguidade Clássica. Dela falou Marco Polo, Odorico, Giovani de Marignolli, e Nicolli di Conti. Dela falaram também textos islâmicos e chineses. Por ela passámos nós. E também viajantes, geógrafos, mercadores.

Nela se encontrava talvez, a melhor canela fina de toda a Índia. E pedras preciosas. E elefantes, belos e imponentes elefantes.

Não sei mesmo se aquele que Saramago decidiu que D.João III oferecesse a seu primo, o arquiduque Maximiliano da Áustria, não terá vindo de lá. Dessa bela e mítica Taprobana…

 

adelino pires / 4.Agosto.24

*(1) – Revista Oceanos nº 46 – Abril/Junho 2001; Imagem – Representação da Taprobana. «Tábula XII» da Geografia de Cláudio Ptolomeu in Sebastian Munster, Geografia Universalis…, 1540 Chicago, The Newberry Library

Revista Oceanos, Disponível aqui: https://doutrotempo.com/produto/oceanos-coleccao-completa-800e/

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