O lugar dos livros impossíveis!

Quando ouço Alberto Manguel falar da vida privada dos livros sinto que o mundo das pequenas coisas é como a vida das formigas em que tudo parece fazer sentido. Ali percebe-se o acaso que afinal o não foi, a cegueira de Borges que o leva onde chegou, as coisas que vamos perdendo quando, afinal, as temos à mão.

Ouvir Alberto Manguel é assim como que viajar, indo para fora cá dentro, percorrendo lugares imaginários (mas que existem) e que alguns de nós (a maioria) nunca poderá percorrer.

Não iria tão longe quanto Gomes Leal ao elogiar Henrique Trindade Coelho e o seu livro Carvões, inspirando-se em Byron “tão sugestivo e tão colossamente bizarro” – “…Escrevi os Carvões e acordei celebre…”.

Os livros, quem os escreve e quem deles fala, são assim como que um tributo cívico, talvez um dos últimos redutos de cidadania – mesmo que passiva – para que o leitor, no seu recato, no seu silêncio, quantas vezes na sua solidão sofrida ou assumida, os tenha como companheiros de sempre e para sempre.

Talvez por isso, pugnar pela dignidade no mundo do livro, é um dever cívico e tão necessário como respirar. Dia a dia, todos os dias.

adelino pires / 25.Julho.24

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