O calor derrete os corpos. E as palavras de gelo. Quero escrever por inteiro e apenas sai a metade. Não sei se a outra que fica se conserva em banho-maria ou se evapora por aí à espera que a tarde chegue. Ou que o tempo atenue a canícula.
Por estes dias de Verão “… os pássaros viajam lentos entre os álamos e as casas…”, diria o Hugo Santos. Valha-nos a andorinha “… que alugou casa na segunda trave da casa…” e falou com o tentilhão “… que pousou entre os dois dedos dum aloendro…” e desabafou com o pardal que “… fez a casa sobre a casa do homem…”.
Está um calor que derrete. Até lá a gente finge. Finge que anda. Finge que vai. Finge que sim. O calor derrete a gente. Valha-nos a segunda trave da casa. Onde se constroem os ninhos…
adelino pires / 24.Julho.24