O lugar dos livros impossíveis!

Há escritores tão esquecidos que passam assim como que por uma segunda clandestinidade. Mesmo depois da sua morte, de tanto terem escrito, da sua vida dar um livro e de em vida terem sido privados de liberdades várias. Goste-se ou não, Urbano Tavares Rodrigues é um deles. Urbano, de origens nos grandes proprietários rurais do Alentejo, teve por razões diversas, um percurso que o levou a outros caminhos, na busca de uma ‘Imitação da Felicidade’, não sei se para si, se para os outros, talvez para todos.

Lembrei-me dele, hoje, dia em que passa mais um ano sobre a ‘Fuga de Peniche’, ocorrida a 3 de Janeiro de 1960 e onde, Álvaro Cunhal, Francisco Miguel e alguns outros, protagonizaram um dos episódios mais mediáticos do período histórico do Estado Novo. Domingos Abrantes, estando de fora, teve um papel determinante na busca dessa liberdade. E o que terá a ver Urbano com tudo isto? Aparentemente nada. Ou poderá ser muito.

Ele, que também estivera preso por questões políticas em Caxias. Ele, também inconformado com o que via e sentia. Ele, cuja consciência, o levara a escrever, escrever, escrever muito. E porque ele, Urbano, privado de algumas liberdades como tantos outros, “… se ultrapassa a si mesmo sem se negar ou trair…”, como escreveu um dia Mário de Sacramento, no prefácio desta 2ª edição que agora apresento.

Paradoxalmente, a felicidade, a sua imitação ou seja lá o que for, encontra na escrita de Urbano Tavares Rodrigues um dos seus expoentes mais relevantes. Mesmo quando numa outra clandestinidade.

adelino pires

3.Jan.25
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